"Os Ebálidas de Pseudo-Outis", de Bruno Anselmi Matangrano, é uma obra que reinventa a tradição da literatura clássica ao apresentar um mito grego desconhecido e um autor cuja existência permanece envolta em mistério. A narrativa parte de um documento perdido, supostamente redescoberto no século XIX, para contar a saga de Chryseia — cidade fundada pelo filho sobrevivente de Hipocoonte, após sua queda em Esparta.
O livro mistura referências reais e inventadas, em um engenhoso jogo metapoético que homenageia não só os grandes épicos da Antiguidade, mas também o trabalho de pesquisadores, editores e tradutores. A epopeia se desdobra em dois planos: o mito de fundação, glória e ruína da casa dos Ebálidas, e a trajetória do próprio manuscrito, resgatado por um estudioso alemão em um obscuro documento medieval. O resultado é uma narrativa que brinca com a linguagem e a estrutura da epopeia, mesclando crítica literária e ficção com extremo realismo, intensificado pelas belas ilustrações de Karl Felippe.
Com 90 páginas em capa dura, "Os Ebálidas de Pseudo-Outis" é uma leitura indispensável para quem aprecia romance brasileiro contemporâneo, se interessa por literatura independente nacional e busca experiências literárias que desafiam fronteiras entre mito, história e invenção.