Nesse romance, o abandono está presente assim como as dificuldades de se adaptar à sociedade. A narradora tem um péssimo relacionamento com a mãe e o pai é impotente diante da vida, ausente mesmo quando presente fisicamente; ainda assim, Fatemeh declara seu amor por ele e o considera um bom pai. A relação afetiva mais importante da narradora é com sua tia muda, que cuidou dela para que sua mãe pudesse trabalhar fora, ajudava em seus estudos, penteava seus cabelos, participava das brincadeiras e estava sempre em casa.
Tudo muda quando Fatemeh é obrigada a se casar aos treze anos com um homem de cinquenta, para salvar sua tia muda do apedrejamento. Aos quinze, é condenada à morte pela forca após cometer um crime. A narrativa de A Muda expõe, com delicadeza e contundência, as marcas da violência e da opressão sobre as mulheres, abrindo espaço para reflexões profundas sobre liberdade, afeto e resistência.
Chahdortt Djavann nasceu no Irã em 1967 e emigrou para a França em 1993, fugindo do fundamentalismo islâmico e partindo para um exílio que se mantém até hoje. Em sua trajetória, Djavann se consolidou como romancista e antropóloga, publicando romances, ensaios e artigos em jornais como Le Monde e Le Figaro. Sua obra é marcada pela denúncia da violência e dos abusos contra meninas e mulheres, sendo referência entre as autoras feministas contemporâneas e fundamental para quem busca livro feminista e narrativas que abordam o universo feminino de forma crítica e sensível.
A Muda integra o catálogo de livros independentes da Arte & Letra, editora que valoriza vozes potentes da literatura mundial e a produção de obras que ampliam o debate sobre direitos humanos, gênero e resistência feminina.
