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Descrição

Entre 2020 e 2021, durante a pandemia da Covid-19, começamos a fomentar a ideia de escrevermos – a 6 mãos – histórias noir/policiais de modo a nos exercitarmos nessa literatura que, até então, víamos fun­damentalmente como espectadores.

Assim, pensamos em uma forma de seguir criando e nos manter conectados, justamente em um momento de recolhimento e medo social. Essas tentativas de escrita nos levaram a pensar que, ainda mais co­nectados estaríamos se convidássemos outros/as autores e autoras paraparticipar dessas criações literárias. E assim o fizemos.

Curitiba é o cenário perfeito para enredos de suspense – a atmos­fera enevoada, sob brumas de mistérios e árvores esfíngicas. Conhecida mundialmente como a cidade que abriga o escritor-vampiro. E sabe-se lá quantos outros fantasmas… Do parque Alvorada aos assombros dos parques-pântanos. Das mulheres do cemitério às encarnações de Maria Bueno. Todo espelhinho de lanchonete ou poça de chuva revela uma que mais uma vez retornar e, confesso a vocês, estou farto dessa mesqui­nhez existencial. Sendo assim, quando o velho Caronte recolher as duas moedas dos meus olhos, os coiotes já não estarão lá. E eu poderei cruzar por definitivo o rio do esquecimento.

O marco zero da minha aflição foi uma tarde de setembro, poucos dias depois de eu ter completado os meus trezes anos. Para mim, o filho da costureira mais séria do bairro, um dia como outro qualquer – mas que depois viria a se converter em um ponto sem retorno ao tempo de minha inocência. Nunca mais fui o mesmo. E digo isso porque em nada eu diferia dos garotos da minha idade. Gostava de colecionar álbuns de figurinha, jogar pelota e descer a toda velocidade o rampão no carrinho de rolimãs. Mas havia regras, já que éramos, eu e minha mãe, uma família completa. Não poderia nem pensar em me reunir com os amigos da rua sem antes fazer alguns serviços para ela.